
Artigo baseado nos ensinamentos do Rabino Nilton Bonder em seu livro A Cabala do Dinheiro.
Embora o termo empreendedorismo criativo só tenha surgido em 2001, eu ouso dizer que sempre foi a forma que os judeus utilizaram para fazer seus negócios.
Quando os judeus migraram para a Europa viviam em pobreza extrema, o que fez com que eles buscassem viver nos grandes centros urbanos tentando se reinventar, buscando meios de ganhar a vida e o sustento, precisando se adaptar a todo tipo de cenário nada propício ao seu estilo de vida. Eles não podiam ter terras, então geralmente iam para o comércio.
O percentual de judeus é 0,2% da população mundial, no entanto são 11% dos bilionários e milionários do mundo. Isso representa mais de 50 vezes de outros povos.

Para os judeus o estudo é um mandamento. Enquanto a maioria da população na idade média era analfabeta, todos os judeus tinham a obrigação de serem alfabetizados, homens, mulheres e crianças.
Por isso, sempre se destacaram na sociedade. E isso acontece até hoje. Para exemplificar podemos citar os casos de prêmios Nobel, onde 21% dos ganhadores são judeus.
"Não há dúvidas que uma das razões para essa significativa participação judaica é a importância que os judeus sempre atribuíram ao estudo e à erudição. O nível de reflexão e análise necessários para estudar o Talmud, que, em hebraico, significa literalmente “estudo” ou “aprendizado”, acabou afiando a mente judaica. Gerações após gerações inteiramente dedicadas ao estudo dos textos judaicos resultaram em incontáveis êxitos nos estudos laicos, pois é preciso uma mente inquisitiva para fazer descobertas e ter sucesso em novas áreas do conhecimento”.
Revista Morasha.
O judaísmo vê o trabalho, o empreendedorismo e a riqueza como algo muito positivo, pois isso possibilita você viver da forma que quiser. Se você destina essa sua riqueza para melhorar o mundo, mais dinheiro você terá.
"É obrigação de todo indivíduo fazer com que a riqueza, não apenas a sua, se expanda para o mundo ao seu redor. Diminuir ao máximo a escassez de tudo e de todos os que o rodeiam e de forma a prejudicar o mínimo possível o ambiente a sua volta. Portanto, cada indivíduo tem a obrigação de melhorar o nível de vida do universo à sua volta”.
A Cabala do Dinheiro. Bonder, Nilton
A prosperidade judaica e os limites de tempo.
É dever de todo o indivíduo ter limites de tempo. Os judeus desde sempre têm por uma de suas obrigações dedicar tempo ao estudo. Não somos autorizados a roubar o tempo do estudo para outro fim. Os tempos são: o Trabalho, as necessidades fisiológicas e os estudos. Cada tempo dedicado ao seu fim é sagrado.
Os judeus e os negócios
Um sábio do talmud Raba disse que a primeira pergunta feita a uma pessoa no julgamento após a sua morte é: “Você conduziu seus negócios com boa fé?”
O comércio mais do que qualquer outra atividade testa nossa índole moral e revela nosso caráter.
O trabalho, o dinheiro e o comércio nos oferecem algumas das melhores oportunidades de realizar boas ações, como fazer doações e caridade, como também criar empregos, e prosperidade em nossa comunidade e no mundo.
A Torah possui 613 mandamentos dos quais mais de 100 são destinados aos negócios.
“Aquele que queira viver em santidade, que viva de acordo com as verdadeiras leis do comércio e das finanças.” (Talmude, B.K. 30a)
O mercado, na cultura judaica precisa funcionar como uma troca onde todos saem ganhando.
Vamos fazer um negócio (Gesheft). É uma frase que desencadeia grande alvoroço no céu. Pois sagrado é o instante em que dois indivíduos fazem uso de sua consciência na tentativa de estabelecer uma troca que otimiza o ganho para os dois lados.
Os judeus e a riqueza
Quem é rico?
Rabi Meir dizia: Aquele que deriva paz de espírito de sua fortuna.
Com isso ele sintetiza de que é rico quem adquire a máxima qualidade de vida, sem gerar escassez para si e para os outros, cumprindo sua responsabilidade para com o outro “evitando o desperdício de tempo” e não retirando da natureza, acima do necessário.
Roubo
Existem duas formas de roubo no judaísmo: O roubo, onde de forma agressiva tiramos algo de alguém e o roubo quando adiamos, atrasamos ou impedimos a entrega de algo ao outro. Qualquer que seja o tipo de roubo vai contra o enriquecimento do mundo.
Roubo de tempo
É quando você tem uma resposta, mas deixa para o dia seguinte, quando você passa para outra pessoa resolver o problema de alguém que você sabe que ela não vai resolver, quando não enfrenta as situações que devem ser enfrentadas, quando não tem interesse em ajudar. A consequência disso não é apenas o desperdício do tempo alheio, mas também pode levar a situações constrangedoras, inúmero conflitos e mágoas.
Portanto se você rouba o tempo de alguém está roubando do mercado todas as possíveis riquezas que poderiam ser realizadas com o tempo que você tomou.
Roubo de expectativa
Quando não pagamos o trabalho de alguém no mesmo dia que termina. Quando criamos a expectativa que vamos comprar algo e não compramos.
Roubo de Informação
Quando damos informação incorreta e incompleta. Quando negamos um conselho pedido e temos preguiça ou insensibilidade de passar uma informação completa.
Roubo por indução
Deixar dinheiro exposto próximo de alguém que está passando por muita necessidade é um desleixo, que pode servir de tropeço a outro. Essa é uma responsabilidade nossa. Além de nos trazer prejuízos nos incorre em roubo por indução.
Roubo de prestígio
Quando fazemos intriga, caluniamos alguém ou difamamos, incorremos no roubo de prestígio.
Forma de evitar o roubo
Tsedaká: Traduzido erroneamente como caridade, por ter uma certa semelhança ao conceito de caridade cristã. A tradução ideal seria praticar a justiça.
Para o judaísmo praticar a Tsedaká é uma forma de treinar o cérebro para não cometer os tipos de roubos citados acima.
A prática da Tsedaká no judaísmo é vista como o cumprimento de um mandamento (mitzvah) e, portanto, quando um judeu a prática, ele é considerado o maior beneficiado. A pessoa que recebe a tsedaká está dando a oportunidade para alguém ser justo.
Diferentemente do cristianismo no qual encontramos na Bíblia Sagrada, em Marcos 10:25).
“ É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus”, no judaísmo como vimos acima, a mensagem sobre riqueza é passado como algo bom, um forma para melhorar a vida de todos. Então devemos pensar que se estivermos bem financeiramente, é sinal de que podemos ajudar mais pessoas.
Por: Claudine Antunes - Educadora Financeira
Parceira no projeto Empreendedorismo Criativo.
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